Absorvente é necessidade, não luxo.

Menstruar com conforto ainda é um luxo.

Por Nathália Vicente Micheletto, aluna do 1º J.

Aproximadamente 30% das mulheres não tem condições de comprar absorventes durante o período menstrual. Menstruar é uma torneira mensal, que as impede de ir ao trabalho e escola. Uma a cada quatro jovens brasileiras já faltou a escola por não ter dinheiro para comprar absorventes. No Brasil os impostos em cima dos absorventes são de 34,48% o que dificulta ainda mais a compra deles.

No presídio brasileiro a situação em que as mulheres vivem sem o alcanço de produtos básicos de higiene é completamente humilhante, o presídio feminino ignora a diferença de gênero e as necessidades extras. Muitas mulheres no presídio relatam que os absorventes que são entregues lá dentro não são o suficiente para um ciclo. Quando os absorventes acabam ou não são entregues, essas mulheres pegam miolos de pão, que guardaram, para usar como absorvente interno no período menstrual e também dentro do presídio não tem papel higiênico suficiente, então elas usam pedaços de jornal para se limpar. A falta de acesso a produtos de higiene básica faz com que as mulheres usem outros itens super inadequados, o fator que determina que mulheres vão usar cada item é a classe social. Qualquer tipo de item utilizado para substituir o absorvente pode causar infecções, proliferação de bactérias e até mesmo a morte. Pobreza menstrual não é brincadeira.

Existia um projeto de uma lei de distribuição de absorventes gratuitos, mas hoje dia 07/10/2021 o presidente Jair Bolsonaro vetou a distribuição gratuita de absorventes femininos para estudantes de baixa renda de escolas públicas e mulheres em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema. Muitas pessoas discordam da distribuição de graça dos absorventes por acharem que se trata de um produto barato, mas barato pra quem? Para alguém que ganha um salário mínimo gastar entre 5 a 20 reais por ciclo é muito, um absorventes de cinco reais vem em torno de oito unidades, é ideal trocar de absorvente de três a quatro vezes ao dia, então se um ciclo dura em média cinco dias um pacote com oito unidades não é o suficiente. Uma mulher pode chegar a usar 16 mil absorventes descartáveis ao longo da vida, gastando em cerca de 10 mil reais.

Hoje em dia existem projetos sociais que ajudam a pobreza menstrual entregando kits de higiene básica para as mulheres de baixa renda, isso não é o suficiente mas já ajuda o bastante, a lei vetada ajudaria bem mais, porém não é uma realidade no momento. Nas escolas várias garotas se solidarizam e vão atrás de projetos para colocarem absorventes nos banheiros femininos, o que ajuda muito pois algumas garotas faltam a escola por não tem absorventes em casa. Essa solidariedade que muda o mundo e quem sabe um dia por meio desses projetos sociais conseguimos mudar a realidade do nosso país em relação a higiene básica para todas as mulheres com necessidades.